26.9.12

AS MONTANHAS DE COLLMAR

As lembranças dançavam dentro de mim,
o inverno havia ido embora a pouco,
as águas desciam das montanhas como crianças barulhentas e ávidas para andar.

Era o quarto inverno sem notícias.
Desde que chequei aqui,
que Varey me carregou das montanhas pra cá,
muita coisa mudou,
antes tinham apenas um celeiro e uma choupana,
eram os anos de casamento.

Tudo tinha crescido.
Até eu me sentia mais nova,
como se isso realmente fosse possível.

Carregava mais de mil anos de história e sofrimento,
precisava entender mais,
lembrar mais,
quem sabe amar alguém.

Passava apenas de um dia para o outro e isso me bastava.

A velha senhora - Jaira, havia me curado de tudo, menos dessa dor estranha.
Ela costumava dizer que um dia,
entre as montanhas e o chão profundo,
passaria um rasgo de ouro.
Minha dor curaria.

Os pesadelos continuavam,
os peixes haviam voltado,
havia comida,
havia descanso,
havia uma inquietante paz.

Varey me vigiava dia e noite,
era medo 
era angústia,
era zelo?

Não sei,
mas essa estranha sensação de segurança.
Não sei de nada.

zerafim

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